quinta-feira, 13 de junho de 2013

Desenho



Ali estava eu, tão perto, mas tão longe, com as minhas pernas a tremer, com medo da reação dele. A única parte do corpo que mantinha quente eram os pés cobertos por meias às bolinhas.
  Continuava sentada ao frio, a tremer cada vez mais e a minha silhueta feminina começava também a quebrar por todos os lados. Os arrepios eram tantos que, com a força das convulsões, empurrei algo para o chão e um estrondo ecoou pela rua, com um movimento repentino.
 - Aquilo é o quê? – Pensei eu ao presenciar tal acontecimento.
  Até que quando os meus olhos alcançaram um monte de lixo no chão apercebi-me que aquilo que o meu corpo mandara para o chão era um vazo, que agora, com a força do movimento exercitado, ficara um simples vazo partido no chão de uma rua deserta e cinzenta.
  De repente, no vazio do silêncio, comecei a ouvir passos e, ao virar a face de forma a contrariar o movimento do meu corpo, avistei o vulto dele a caminhar para junto de mim e o nervosismo a invadir o meu corpo.
  Chegando junto de mim, rompemos o silêncio e demos início a algo que parecia o diálogo entre dois borrões. Quem passasse perto julgava-nos como “dois objetos abstratos a comunicar” e no meio de tal discussão a única coisa que me vinha ao pensamento era meias! Com tanto nervosismo contido no meu corpo, interrompi a discussão, que pesava no momento e criava mau ambiente, exclamando:
 - MEIAS!
  Após o acontecimento, o meu corpo criou uma pigmentação avermelhada, do rosto frio até ao peito que escaldava.
  Ele parou de se pronunciar, olhou para mim e com um sorriso disse:
 - Peúgas?
  Eu já nem sabia o que dizer ou pensar, mas caminhamos os dois após aquele estranho acontecimento e eu voltei a comentar algo fora do contexto:
 - São pernas de um bebé com fraldas! – Apontei com o meu dedo fino e comprido para uma nuvem que passava no céu e sorri-lhe.
  Eramos duas crianças num mundo sem sentido. Contudo, eramos duas crianças felizes.

2007

Se é aquilo que tu queres,
Se é aquilo que tu sonhas,
Se é aquilo em que pensas,
Se são elas que preferes,
O que puderei dizer?
Com tudo o que aconteceu,
Com tudo aquilo que se perdeu
E agora tudo o que imaginei
Tudo o que sempre sonhei...
Não tem um fim,
Não teve um começo,
Pois eu vejo em mim,
Tudo aquilo que existe em ti
E por fim, um homem se formou,
Assim olharei para ti
Quando confiar por fim.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Três da manhã




São três da manhã. Os pensamentos deambulam em volta de memórias, memórias ainda quentes e os dejejos evadem os sonhos onde a imaginação atinge extremos de pura adrenalina, onde o único sentimento é a saudade, a saudade de voltar a sentir o prazer.

Ter nos braços quem se deseja, possuir por quem se ambiciona, por quem nos faz dar voltas na cama pensando em todos os segundos que vivemos naquele só momento, em todas as coisas loucas que cometemos, em todo o prazer que nos foi proporcionado! A vontade que nos percorre pela mente é apenas de dizer: segue-me, temos que ir a um lugar, vem comigo e não tenhas medo, a loucura ainda agora começou!

Relembramo-nos do percorrer do toque da nossa mão no corpo quente e vincado, do aspero cabelo e dos beijos suaves na delicada pele, da vibração no batimento do coração no peito dele e por fim... Vemos passar por nós as horas, porque depois da agitação a que nos expusemos, a nossa cabeça apenas gira em volta dos segundos em que nos sentimos bem, nos segundos em que tivemos prazer, nos simples segundos onde o nosso olhar não era mentira.

A vida costuma ser feita de ilusões e desilusões, onde o prazer, a excitação e a adrenalina não passam de mais uma brincadeira da nossa mente, no qual simbolizam desejos e medos.

Agora eu penso: se te dissesse aquilo que te queria dizer, chamarias-me de louca, no entanto, foste tu o louco, pois foste tu quem me mostrou o prazer e foste tu quem me deixou louca! Se as tuas intenções eram simples, eu lamento dizer-to, mas as consequências tornaram-se complexas e no final perdemos ambos o jogo, pois apaixonamo-nos...